São muitas emoções Brasiiil! Gil do Vigor não podia imaginar como sua vida mudaria radicalmente após sua passagem pelo Big Brother Brasil 21. Da infância pobre em Pernambuco aos holofotes da mídia, contrato assinado com a Rede Globo e tudo isso com o bem querer do povão, que se divertiu muito com as ‘cachorradas’ do economista, de 29 anos, na casa mais vigiada do Brasil.
Gil não faturou o prêmio de R$1,5 milhão, mas está voando alto com sua popularidade, seus conhecimentos e carisma. E foi recebido como rei em sua cidade natal. “Lembrem-se: a gente faz o nosso futuro! Bora focar, bora ser obstinado. Acreditem sempre, nunca desistam. Grandes coisas estão reservadas para pessoas que são gigantes. (…) Você é tão grande quanto sua fé”, declarou.
Se o Brasil ficou ‘indignado’ quando ele foi eliminado do BBB, agora é só motivo de regozijo. Afinal Gil já está tocando diversos projetos, como a campanha publicitária milionária para o Banco Santander, a preparação para trabalhar , possivelmente ao lado de Ana Maria Braga no “Mais Você”, e o lançamento de seu livro “Tem que Vigorar”, que sai do forno em junho e já está em pré-venda. “Brasiiiiil! Revelo em primeira mão para meus vigorosos a capa do meu livro! Ele entra em pré-venda hoje e estou muito feliz e orgulhoso. Nunca pensei que teria um livro e isso está sendo muito especial para mim”, contou Gil, via Instagram, mostrando a capa finalizada da obra.
A publicação vai contar tanto os momentos preferidos na passagem de Gil pelo BBB 21, como os percalços de toda a sua trajetória. Incluam-se aí as dificuldades financeiras que o levaram a morar na rua, momentos de violência do pai contra sua mãe, a relação com a fé e a igreja, de como a educação o salvou, a descoberta da sexualidade e seu processo de autoconhecimento e aceitação como homem gay. O livro conta ainda com depoimentos de Jacira, mãe de Gil – que agora faz sucesso como youtuber-, além de Xuxa Meneghel e da atriz Deborah Secco, que viraram fãs de Gil.
“Estou muito feliz. Nunca imaginei que teria essa honra, essa oportunidade. É muita gratidão. Parece que estou vivendo como se não fosse verdade, parece que estou sonhando e que vou acordar. É muito surreal a experiência. Estou no céu. Foi muito bom escrever. Muita luta, muita batalha, em nome de Jesus. Ah, tem muita cachorrada, né? A cachorrada está sempre no livro, na vida, nas relações”, declarou em suas redes sociais.
Preconceito: “sofri ataques e não tinha a quem recorrer”
O beijo em Lucas: o primeiro da história do BBB (Foto: Reprodução)A decisão de escrever o livro foi impulsionada pelo ataque homofóbico que Gil sofreu por parte de um dirigente do Sport Club Recife, seu time de coração. Ao conhecer o estádio da Ilha do Retiro, ele fez sua famosa dancinha ‘tchaki thacki’. O dirigente Flávio Koury disse que aquilo era “uma desmoralização para a torcida, uma falta de vergonha”, e ainda foi apoiado por outro conselheiro. Mas o clube pediu desculpas oficialmente: “O Sport reitera o carinho, admiração e gratidão de toda a torcida rubro-negra por Gil. #NãoÀHomofobia”. E os jogadores do time ainda fizeram a dancinha, em homenagem a Gil, comemorando o um gol no jogo contra o Náutico.
O incidente tornou-se público. Mas o preconceito é um enfrentamento constante na vida de Gil e de tantas pessoas, que muitas vezes morrem simplesmente por conta de sua orientação sexual. Por tudo isso, ele se pronunciou também em 17 de maio. “Neste dia de combate à LGBTfobia que seja mais do que tudo, um dia de reflexão. O Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBT no mundo e estar vivo é ainda o nosso maior ato de resistência. Não deveria ser assim. Homofobia é crime!”, declarou.
Muitas de suas histórias reais são bem tocantes. Em participação no programa “Papo de Segunda”, no canal GNT Gil explicou que precisava se comportar de modos diferentes, de acordo com o ambiente que estava. Mas, no reality, sabia que teria que se revelar por inteiro. “Quis trazer voz para aquele povo mesmo que não tem, que grita, é chamado de mimimi, não tem, ninguém ouve. Tem que ouvir calado porque não tem recurso. Não tem! Várias vezes na igreja, na universidade, em outros lugares, sofri ataques e não tinha para quem recorrer. Vou recorrer a quem? Tenho que chegar no trabalho 8h, sair 17h, ir para a faculdade 18h. Então assim, é aguentar calado e esperar… Não tem como recorrer”, disse.
Também comentou a respeito de uma passagem de sua vida que contou durante o BBB. Missionário mórmon, ele saía em dupla com outro rapaz, para as visitas da igreja. “E ele me ensinava a ‘me comportar’. Eu treinava o jeito de andar, de sentar, de mexer as mãos e perguntava: ‘está bom assim amigo?’. Porque, se ele andava comigo, poderiam pensar que éramos algo mais, se eu demonstrasse quem eu era. É por isso que até hoje não gosto de me ver em gravações…porque eu gravava e conferia. Era difícil demais”, contou.
De olho no Banco Central
Mas nem só momentos emblemáticos ou cachorradas e embates marcaram a passagem de Gil pelo “Big Brother”. Em muitos momentos, o economista assumia seu posto e dava aula para os brothers. Gil explicou a Juliette o que era inflação, sem saber, que já havia conquistado uma bolsa para fazer o sonhado pós-doutorado no exterior.
E ele garante que a fama não vai desviá-lo desse caminho. “Não vou desistir, não vou adiar, não vou esperar para fazer meu doutorado, é meu sonho. Eu vou pra Califórnia. Minha educação, meu PhD vem em primeiro lugar, enquanto estou aqui vou trabalhar, porque trabalhar é importante”, em sua rede social, explicando que os estudos na Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, começam a partir de setembro.
Nascido em Jaboatão dos Guararapes, Gilberto Nogueira – Vigor virou sobrenome de tanto ele usar a palavra para motivar os amigos-, cresceu no bairro paulista, região metropolitana de Recife, Pernambuco. Formado em Economia, desde 2019, pela Universidade Federal de Pernambuco, ele é a primeira pessoa de sua família, de origem humilde, a passar em uma universidade pública. Doutorando na instituição, pesquisava a relação entre a ação do Estado e o nível de violência cometido dentro do mercado de drogas. Agora, com o PhD, vai ampliar ainda mais seus estudos e horizontes.
Uma coisa, no entanto, dificilmente ele vai mudar: o gosto pela ‘cachorrada’. Esta semana ele, que fez história com o primeiro beijo homoafetivo da história do BBB, em Lucas Penteado, admitiu que já beijou na boca, depois de sair do programa. “Não aguentei. Fui seduzido, com dois testes negativos (PCR-Covid) eu não resisti e caí no amor. Foi só aquele momento. A pessoa é maravilhosa, mas a amizade continua. Não é amor, não. Foi só alegria. Sabe como eu sou, né? Meu coração cabe várias pessoas… Se um dia eu estiver namorando, vou só namorar. Mas, por enquanto, me dá um PCR negativo que a gente conversa”, brincou ele, durante a participação no ‘Papo de Segunda”.
E depois de tantas emoções a conclusão do PhD, que sonho impulsionará Gil? Em entrevista ao #RedeBBB, ele revelou: “Ser Presidente do Banco Central. Seria extraordinário. A emissão de moeda, o estudo do mercado financeiro… A moeda influencia vários fatores, como desemprego e inflação. Eu sou apaixonado, não é minha área de pesquisa hoje mas eu tenho muito prazer de estudar e falar”, explicou. E a instituição gostou da ideia. “Ficaremos alegres em contar com o seu vigor em nossa equipe”, declarou o Banco central. Com mil possibilidades pela frente, Gil diz que o cargo “seria um sonho, que nunca foi palpável”. Depois de tudo que está vivendo, certamente nada é um sonho impossível para Gil.
Fotos:Isabella Pinheiro GShow