Localizado na Praça da República, o Campo de Santana é uma das maiores áreas verdes do Centro do Rio, com 155.000 m² de área, bem no coração da Avenida Presidente Vargas, centro nervoso da Cidade Maravilhosa. Um dos espaços livres mais tradicionais do município, já era utilizado pela população nos tempos coloniais, muito antes do Rio de Janeiro ser habitado pela corte portuguesa. Dois importantes momentos da história brasileira ocorreram ali: a aclamação do Imperador Pedro I e a Proclamação da República.
Árvores frondosas, grutas, pontes, chafariz e monumentos de figuras mitológicas ornamentam o grande passeio público, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Importantes esculturas ornamentam o Campo de Santana, como as obras que homenageiam as quatro estações, datadas de 1906, de autoria de Paul Jean Baptista Gasg e Gustave Frédéric Michel. Belezas como as duas pontes de rocailles (argamassa decorada), imitando grande troncos de árvores, que foi criada pelo artista Glaziou e inaugurada 1888, mesmo ano em que foi inaugurada a Jovem Europa, conjunto de 4 fontes assinadas por Marthurin Moreau.
Recentemente, o belo espaço passou por uma reforma e , depois de estar fechado durante dez meses, e foi reaberto ao público em 8 de Janeiro de 2021. O horário de acesso ao público foi ampliado e agora funcionar das 6h às 17h, assim como os outros 37 parques da cidade. O parque passou por uma operação de limpeza, com 47 garis, ganhou nova iluminação e reforço da equipe de segurança da Guarda Municipal.
Areal que os infames frequentavam
O primeiro nome da região onde hoje fica o Campo de Santana foi Campo da Cidade e abrangia, até o início do século XVIII, toda a área compreendida entre o limite do centro urbano, na Rua da Vala (atual Uruguaiana), e o Mangal de São Diogo (Cidade Nova). Tratava-se, na verdade, de um grande areal desabitado, cheio de charcos entremeados por vegetação rasteira, típica de restinga, muitos cajueiros e pitangueiras.
Esse areal era atravessado por uma estradinha que se dirigia à Fazenda dos Jesuítas (atuais bairros da Tijuca, de São Cristóvão, Vila Isabel, do Maracanã, Grajaú e Engenho Novo). A primitiva vereda era conhecida como Caminho de Capueruçu, por contornar a lagoa de mesmo nome (também chamada de Sentinela), nas proximidades da atual Rua Frei Caneca, altura da Riachuelo e Mem de Sá.
O lugar era desvalorizado. Como se dizia na época, apenas os “infames pela raça ou religião” – como judeus, degredados, negros etc… – moravam ou frequentavam a região. Os ciganos, por exemplo, deportados de Portugal por D. João V, fincaram suas barracas depois do Rocio Grande (atual Praça Tiradentes) em direção ao mangue. No século XVIII, a Irmandade de São Domingos, composta por negros, conseguiu um lote de terras nessa área (atual Presidente Vargas, altura da Avenida Passos) para erguer uma igreja, que começou a ser chamada de Campo de São Domingos.
Não muito tempo depois, em 1710, os devotos de Santa Ana, também negros, passaram a manter uma imagem da Mãe de Maria no mesmo templo e gerou conflito com os dominicanos. Por isso, em 17535, a irmandade santanense deu início à construção de sua própria capela, no terreno onde hoje está erguida a Estação Central do Brasil. Desde então, a área ao redor passou a ser chamada de Campo de Santana.
Curiosidades históricas
- A Igreja de Santana foi demolida em 1854 para dar lugar à primeira estação ferroviária urbana do Brasil, a Estação Do Pedro II. Em 1941, no lugar da antiga estação, foi inaugurada a atual Estação central do Brasil.
- O Campo de Santana foi dividido ao meio, quando foi construída a Avenida Presidente Vargas, em 1942. De um lado ficou o Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste , e, do outro, o parque com seu passeio público arborizado e urbanizado no início do século XIX.
- Muitos não sabem que o parque foi palco de muitas touradas. Incrível né? Elas eram populares por aqui desde o século XVIII. Até que, em 1907, foram proibidas por um decreto do prefeito Sousa Aguiar.
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