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Rio de Janeiro / Cotidiano

Letícia Datena: paixão pelo esporte

 

Por Claudia Mastrange

Filha de jornalistas, Letícia Datena não sonhava seguir a profissão dos pais. Mas, quando menina, gostava muito de escrever e seu talento foi notado pelo olhar atento da diretora Marlene Mattos, que a convidou para ser repórter de um programa na TV Bandeirantes. Começava ai uma relação de amor com o jornalismo. A sementinha cresceu e transformou a jovem nascida em Ribeirão Preto em uma das mais profissionais mais respeitadas no segmento esportivo.

Hoje, aos 35 anos, ela é a apresentadora oficial da Stock Car – há quase duas temporadas -, apresentadora do “Automais”, no canal BandSports além de figurar como repórter em matérias sobre os bastidores da Stock Car em programas da Band. “Percebi que gostava muito de trabalhar com isso. Comecei a me preparar, estudei jornalismo digital na New York Film Academy”, conta Letícia, que posteriormente cursou jornalismo na PUC.

Antes, porém, foi o mundo da moda que ela deu seus primeiros passos, iniciando carreira profissional como modelo, aos 13 anos. Depois de fazer alguns desfiles e editoriais em sua cidade natal, mudou-se para São Paulo em 2001, com 15 anos, após ser uma das vencedoras de um concurso de modelos organizado pela agência Mega Models. Entretanto, iniciar uma trajetória tão cedo e com tanta exposição, pela natureza da profissão e pelo sobrenome em evidência no cenário midiático, demandou que a jovem tivesse muita maturidade e foco para alcançar seus objetivos.

E foi assim que a filha de Mirtes Wiermann e José Luis Datena, se consolidou como modelo ao trabalhar com agências importantes mundo afora. Depois de morar em 7 países (Chile, África do Sul, Alemanha, França, Itália, USA, México), dos 10 aos 26 anos, Letícia decidiu se dedicar a sua outra vocação: a de comunicadora. Ela já havia feito alguns trabalhos pontuais como repórter de entretenimento (“O Melhor da Tarde”, sob o comando de Astrid Fontenelle e, depois, de Leonor Corrêa, em 2005), quando retomou a carreira televisiva em 2012, no comando do “Repaginada”, programa de moda da Mix TV.

No ano seguinte, passou a integrar o casting do “Domingão do Faustão”, na Globo, atuando como repórter. No entanto, o objetivo da apresentadora, que a esta altura já havia cursado Jornalismo Digital na renomada New York Film Academy e aulas de técnicas para televisão no Actors Studio, em Nova Iorque, se especializar em esportes, tema com o qual sempre este ligada.

Em 2014, foi contratada pelos canais Fox Sports para participar da cobertura da Copa do Mundo da Fifa e depois efetivada pela emissora, por onde ficou por 2 anos. Em 2016, mudou-se para o Chile, onde teve a sua porta de entrada para trabalhar com automobilismo, ambiente predominantemente masculino.

Convidada para cobrir o Rally Mobil, maior competição de rali do Chile, em pouco tempo virou um rosto conhecido entre os latino-americanos ao se tornar correspondente de automobilismo da Fox Latin America. De cobertura em cobertura, ela foi se habituando a trabalhar em condições extremas, cobrindo corridas de rali debaixo de chuva, neve, poeira, sempre em lugares remotos e com pouca infraestrutura.

Letícia se destacou ao cobrir o último Rally Dakar realizado na América do Sul, viajando por 10 dias no deserto do Peru. No entanto, o ponto alto de sua carreira foi a cobertura pelo Fox Sports de etapas do WRC, o campeonato mundial de rali, o mais importante de automobilismo depois da Fórmula 1, que lhe rendeuconvite para ser uma das apresentadoras da plataforma de streaming oficial do WRC, a WRC ALL LIVE. Ela foi a primeira jornalista brasileira a alcançar este feito.

Atualmente morando em São Paulo, Letícia é casada com o nutricionista Rogério Oliveira. Quando não está trabalhando, dedica-se assiduamente à sua rotina de treinos e a duas grandes paixões: cozinhar e viajar. “No Rio, eu adoro jogar Beach Tennis no Posto 8 com o Waltinho, meu professor”, conta nesta entrevista exclusiva à Mais Rio de Janeiro. Confira!

Filha de jornalistas, achava que seu caminho natural era atuar na mesma área?

Sou filha de dois jornalistas excelentes, mas não pensava em trabalhar com isso quando criança. No entanto, sempre gostei de escrever e, aos 18 anos, fui convidada pela Marlene Mattos para ser repórter de um programa de variedades na Band. Acho que esse foi meu primeiro pé no jornalismo.

Como se encaminhou para o mundo da moda o como lidou com esse desafio, sendo ainda criança?

Já fazia trabalhos pequenos de modelo em Ribeirão Preto, quando fui participar, aos 13, de um concurso nacional, promovido pela agência Mega. Fui uma das vencedoras e foi aí que começou.

Como foi a experiência de morar fora do país nesta época? Em qual país curtiu mais, melhor se adaptou… E em qual teve mais dificuldades? Nos conte alguma história engraçada ou curiosa dessa época?

Eu morei em 7 países fora o Brasil e me lembro que foi bem difícil quando cheguei à África do Sul, aos 16 anos. Isso porque eu não falava inglês ainda. Então, toda vez que pegava um trabalho, tinha que ir à agência para os bookers me explicarem, com um teatrinho, como ia ser, que horas iam me pegar em casa, etc.

E como decidiu focar na comunicação, cursar jornalismo? Você trabalhou com grandes apresentadores como Astrid Fontenelle e Faustão; o que extraiu dessa experiência?

Depois da minha primeira experiência na TV, eu percebi que gostava muito de trabalhar com isso. Comecei a me preparar, estudei jornalismo digital na New York Film Academy, passei por aulas de atuação no Actors Studio NY… Depois de já estar fazendo alguns trabalhos na televisão, fui cursar faculdade de Jornalismo na PUC. E aí fui seguindo o meu destino, que cada vez mais me levava para o jornalismo esportivo.

Verdade que já entrou nesse caminho com o foco no esporte? A intenção era automobilismo? Já curtia?

Sempre gostei de esporte e quando trabalhava com entretenimento já comecei a traçar um caminho para o jornalismo esportivo. Está dando supercerto!

Passou por algum ‘perrenge’, cobrindo competições em condições extremas?

 

Os perrengues são supercomuns! Dormi 15 dias em um ônibus, no meio do deserto, cobrindo o Rally Dakar. Nesta mesma cobertura, as temperaturas eram tão altas que tinha que colocar meu iPhone no gelo para ele não pifar. Enfim, muitas!

Teve medo do preconceito por ser uma área predominantemente masculina?

Fui criada para ser uma mulher que segue seus objetivos, sabendo dos obstáculos, mas sem medo deles. Não tive medo, passei por algumas situações injustas e difíceis, mas estava preparada para elas.

Lugar de mulher é onde ela quiser? Quanto à mulherada avançou nos últimos anos e quanto precisamos avançar?

Na minha opinião, a mulher não precisa evoluir e, sim, a sociedade. Acho que todos os seres humanos têm o direito de buscar os seus sonhos, contanto que ajam com ética e empatia. Preconceito, de todas as formas, é o mal da sociedade.

Com a trajetória de uma mulher empoderada, que você é, como se sente quando vê os alarmantes índices e repetidos casos de violências contra a mulher ?

Acho um absurdo, me entristeço e me revolto. Para mim, agressores não merecem viver. Mas essa é só a minha humilde opinião.

Crê que a política brasileira e os governantes que em breve estarão eleitos devem focar nesse aspecto?

Sempre deveriam focar neste aspecto, inclusive isso é reflexo de governos fracos, débeis, displicentes.

Vendo a realidade da mulher em outros países…como enxerga a posição em que se encontra a mulher brasileira?

Nossa sociedade está um pouco atrasada sim em relação a outros países.

O que considera sua maior conquista?

A carreira que estou construindo e a pessoa que eu me tornei, depois de passar por tantos obstáculos, desafios.

É muito vaidosa? Como se cuida, até para ter fôlego para as coberturas?

Sempre me cuidei, sempre fui muito ativa e sempre fiz dietas. No entanto, agora, casada com o melhor nutricionista que eu já conheci, acredito que estou na minha melhor forma. Aprendi a treinar direito e me alimentar da maneira correta para não sofrer com aquelas coisas chatas de passar fome, viver me privando das coisas, falta de energia e treinar loucamente sem resultados proporcionais ao meu esforço.

Você ficou 9 anos sem ver seu pai. Como é a relação com Datena hoje? Ele te deu algumas dicas no inicio da carreira?

Há 20 anos ela é muito boa e ele, como todo bom pai, me aconselha bastante.

Você ainda está em lua de mel né? Casou no Dia nos Namorados… É muito romântica? Como está a vida de casada, ele curte esporte também? Já planejam um herdeiro?

Eu sou muito pé no chão! Estamos unidos legalmente, mas o esforço em conquistar, a paciência para conviver e os esforços para colocá-lo sempre para cima, continuam sendo necessários em doses diárias. Sobre herdeiro, adotamos um golden, o Nerso.

O que gosta de fazer nas  horas de lazer? Conhecendo tantos lugares lindos pelo mundo, o que curte no Rio de Janeiro?

No Rio, eu adoro jogar Beach Tennis no Posto 8 com o Waltinho, meu professor. O meu lazer se resume a viajar, cozinhar, ficar com a família e fazer treinos diferentes.

Fotos: Alex Lyrio